Ela tem excesso de hormônios masculinos e convive com o aparecimento de pelos no rosto.
Foto: Arquivo Pessoal
A barba, um dos principais símbolos de masculinidade, foi a forma que a empregada doméstica Maria da Conceição Gomes de Melo Silva, de 47 anos, encontrou para se libertar. Por conta do excesso de hormônios masculinos em seu organismo, desde os 13 anos ela convive com o aparecimento de pelos no rosto. Agora, após anos se escondendo com depilação e a retirada com lâmina, ela os deixou crescer e ostenta com total naturalidade uma barba formada de pelos brancos e um bigode ralinho ainda preto, que quase forma um cavanhaque.
Sua história e o modo como enfrenta a vida, em seu dia a dia, já foram descobertos por vários internautas em redes sociais criadas por seu marido @tinho959 e no Instagram @tinho990. Casado há 17 anos, ele até tentou convencê-la a evitar o crescimento da barba, mas desistiu diante de sua postura firme e bem humorada.
“Isso não é uma doença, mas sim algo que trago desde o nascimento. É da minha natureza, como o médico que consultei me explicou. Mesmo que eu depile com cera, raspe com gilete ou tome remédio, ela nunca vai deixar de existir. Então decidi manter”, disse Maria com um largo sorriso.
A empregada doméstica conta que até mesmo sua patroa, com quem convive há quase 20 anos, desistiu de sugerir a retirada da barba. O processo de aceitação de quem convive com ela tem muito da forma leve com que trata o assunto. Indagada sobre os olhares de estranheza das pessoas e até preconceituosos, ela responde de forma direta.
“Quem paga minhas contas sou eu. O país é livre e qualquer pessoa pode viver do jeito que quiser, desde que não ofenda ninguém. No momento que tomei essa decisão, me senti livre, leve e comecei a viver com muita alegria”, definiu a doméstica.
Nos vídeos onde costuma ser chamada de “barbudinha”, ela se diverte com a reação e as brincadeiras com as quais têm que conviver. Maria admite que o visual exótico pode assustar quem vê pela primeira vez, mas diz que quando começa a falar e o modo com que encara a vida fazem com que, aos poucos, todos entendam e até admirem sua coragem.
O crescimento dos pelos impressiona. Maria não decidiu se vai aparar ou deixá-los crescer mais. Conforme ouviu de seu médico, em um ano, a barba pode até chegar ao seu peito. Por enquanto, o que faz é uma boa higienização para mantê-los bem cuidados. “Lavo e hidrato todos os dias. Cuido como algo normal. Sou eu mesma quem faço isso colocando até óleo de barba. Nunca fui em nenhuma barbearia, mas uso produtos como qualquer homem que mantém barba”, revelou Maria.
Ela conta que a existência de pelos no rosto de mulher é algo que já aconteceu em sua família. Conforme relembrou, uma tia já falecida, nos últimos anos de sua vida, também tinha pelos em formato de barba. “Ela morava em Arapiraca e, mesmo quando morreu, a família a velou e sepultou de barba. Eu entendo que puxei a ela e também vou manter”, garantiu Maria.
A presença da barba não incomoda mais o marido que, além de incentivador, é quem atualiza suas contas nas redes sociais. Ele não quis se identificar, mas confirmou o apoio à decisão da esposa, disse que já se acostumou e garante que se relaciona com a mulher normalmente como qualquer casal.
Maria garante que tem um relacionamento como qualquer mulher heterossexual. “Isso não afetou em nada minha vida. Sempre escondi, mas quando decidi parar de retirar, ele até tentou me convencer. Chegou a falar em separar. Mas depois disse que é meu marido e isso aqui não vai mudar o que existe entre nós. Ele entendeu que é algo da minha genética”, acrescentou a mulher.
A quantidade de informação que Maria acumulou ao longo do tempo sobre sua condição impressiona. Ela sabe, por exemplo, que existem muitos casos pelo mundo. Lembrou até que, no passado, por conta do espanto das pessoas, casos assim eram explorados em circos ou eventos parecidos.
Entretanto, garante que a realidade é muito mais interessante. Para ela, poder sair de cabeça erguida sem se preocupar com a opinião alheia é algo libertador. É dessa forma que sai todos os dias muito cedo para cumprir suas obrigações como doméstica.
“Faço o percurso a pé de cabeça erguida e nem aí para os olhares ou comentários. Vivo feliz assim com essa minha condição, que para mim é natural”, concluiu Maria.
A prova que não teme nada e nenhum preconceito foi que toda a entrevista foi filmada e, antes mesmo de ser publicada, já circulava nas redes sociais. O fato de ter virado notícia e poder alcançar outras pessoas que tenham a mesma condição até a motivou.
“As pessoas ficam impressionadas com minha coragem. Quem sabe, assim, estimulo também outras mulheres a fazerem o mesmo?”, observou Maria.
Sem filhos e vivendo apenas para o marido e o trabalho, ela diz que o importante é ter a companhia dele e o seu respeito. Maria diz que se sente totalmente saudável e não são os pelos no queixo e no buço que vão lhe diminuir.
“Me sinto mulher como qualquer outra, tanto que sou casada, trabalho, faço tudo que qualquer uma faz. A única diferença é essa minha condição que é totalmente natural. Vou continuar levando minha vida com total tranquilidade e alegria”, avisou Maria.
Quanto aos vídeos e postagens, os internautas e seguidores podem continuar compartilhando e mandando mensagens. Ela diz que os comentários com críticas não mudarão o seu jeito de ser e nem a convivência que mantém com o marido, vizinhos, amigos e a família.
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